Conseguirias compreender uma alma que se nega a revelar-se?
Que mesmo estando às voltas com o melhor de seus amigos, ou a maior de suas paixões é incapaz de falar de seu passado, de suas íntimas inquietações?
Que sempre acaba por transparecer um conceito contraditório à realidade
Por seus feitos em momentos de entorpecimento alcoólico?
Que às vezes congela-se por completo a vagar em mundo que nem ela mesma consegue distinguir que encantamento lhe opera e lhe faz tão extremamente encarcerada?
Que apesar de em outrora não crer que novamente fosse haver essência que lhe distanciasse da liberdade que há tanto almejava e idolatrava
Vê-se entregue a uma alma que de imediato pareceu-lhe um encantamento fugaz
E momentaneamente tornou-se uma das razões de suas alegrias
E que ao contrário e distanciá-la da liberdade que tinha
Tornou-a uma nova forma de viver, passar os dias e as noites
Que lhe deu um novo sentido ao ser “livre”
De modo que a faça crer fielmente que não há forma mais doce e encantadora
De viver, de estar realmente livre de qualquer perturbação, de qualquer medo,
De qualquer lembrança passada que a possa dispersar-lhe de seu âmago
Ou de seu ímpeto de viver intensamente, compreenderias?
Esta alma talvez jamais conhecerá melhor alguém como a si mesma
No entanto permanecerás a tentar alcançar continuamente seu momento solene de conhecimento íntimo
E o momento em que após reflexões profundas e eloqüentes os entregará
Aos espelhos que inspiram seus mais intensos sentimentos...